Para iniciar 2012 no Blog, segue, nas próximas linhas, uma "breve" e despretensiosa análise de cada atleta que compõe os Top 34 da ASP para este ano. Desde que Derek Hynd começou a fazer isso, estas reportagens tem sido minhas favoritas e a cada ano espero ansioso os exemplares das revistas especializadas que contém a análise dos caras e a previsão (pitaco) para o ano seguinte.
No fim do ano passado a ASP divulgou a suspensão da rotação semestral do ranking do Circuito Mundial de Surf.. Pelos comentários que li até aqui a questão é bem controversa, com muitos achando uma boa medida, saudosos do sistema QS/CT e outros achando uma péssima medida, tomada por surfistas ultrapassados e com medo.
Medo até certo ponto injustificado. A rotação do meio do ano passado foi aproveitada exclusivamente por moleques abaixo de 25 anos que ingressaram na elite competindo como se fosse outro evento qualquer, arrancando scores altos e consequentemente resultados. Mas isso não quer dizer que a rotação de 2012 não poderia ser aproveitada por veteranos do WT que desde o inicio do ano correram atrás dos pontos dos Primes e Stars.
Acredito que este alto índice de novatos se aproveitando da rotação muito se deveu a inercia dos "operários" da elite. Caras que em outros tempos corriam eventos de qualquer tamanho, sempre trocando pontuações e garantindo sua manutenção no mundial da elite com os resultados obtidos na "segunda divisão" (QS). Esses operários, por um motivo ou outro, justamente em 2011, em pleno ataque da nova geração, ficaram acomodados, disputando apenas as valorizadas etapas do WT. E o resultado se viu a partir de Trestles.
Ao mesmo tempo em que a rotação me pareceu uma medida salutar, que promoveu uma renovação interessantissima no mundial de 2011, o sistema de ranking duplo nunca me pareceu correto o suficiente. Entenda-se ranking duplo como o Ranking WT (que conta com os pontos obtidos em provas do WT) e Ranking Unificado (que conta com os pontos obtidos em todas as provas sancionadas pela ASP, ou seja, WT, Prime e Star). Em minha opinião, ao final do ano, com os resultados no papel ficou ainda mais evidenciado a confusão de rankings alardeada por Bobby Martinez. "Como um cara que nem compete comigo esta na minha frente no ranking?" bradava o americano. E ele estava certo! Um exemplo? Ranking Final Medina x Ranking Final Mineiro.
Medina acabou na frente do compatriota na soma dos pontos obtidos em provas do WT e Prime. É possível compara-los? Adriano disputou poucos Primes enquanto Medina disputou quase todos.
Como Medina atingiu o espetacular quarto lugar no World Rankings (Unificado), os feitos de Adriano de Souza no Ranking WT ficaram um pouco de lado. Já é uma tradição nacional isso, não?
Certamente, se Mineiro tivesse igualado ou ultrapassado a marca histórica de Victor Ribas de 1999, o ranking que veríamos estampado em todos os sites e blogs nacionais seria o do Ranking WT e não o Unificado, mesmo com Medina em quarto lugar no ranking unificado.
Aliás, a econômica nota da ASP não esclareceu como fica a questão dos rankings. Diante do silencio da entidade me permito concluir que o ranking unificado permanece ativo e irá definir quem serão os 34 melhores do mundo em 2013. Caso contrário, desde já deveria decidir quantas vagas o pessoal que corre os Primes e Stars estão disputando e em que posição do ranking os caras do WT devem ficar se quiserem permanecer na elite.
Apesar de ser favorável à rotação, a verdade é que há bons argumentos na mesa, tanto PRO quanto CONTRA as alterações de sistema promovidos pela ASP. Gostei da opinião ponderada de Tulio Brandão. De fato, parte é culpa do tipo de esporte que o surf é, parte por falta de discussão ANTES da implantação do novo sistema, parte por não se testar o sistema por mais tempo, parte por pura incompetência da ASP.
O mais significativo da mudança anunciada é a sensação de que a ASP não passa de um navio sem capitão, dirigindo-se aos corais com as máquinas a todo vapor. Se ninguém assumir o comando, o naufrágio será inevitável. O surgimento de uma Liga ou nova entidade para reger o surf é uma possibilidade real e talvez necessária.
A sorte dos surfistas profissionais é que este esporte é tão fascinante e apaixonante que, mesmo após anos de lambanças dos cartolas os números de fãs só aumentam e as transmissões dos campeonatos tem evoluído a cada ano que passa, o que nos traz um pequeno alento. Independente da direção que a competição siga, haverá SURF! E considerando o material humano á disposição, a qualidade e o nível do surf apresentado estão garantidos.
Mesmo sem maiores definições sobre os circuitos da temporada 2012 e seguintes, e ainda com muitas dúvidas, vamos as verdadeiras estrelas do circuito, os 34 melhores surfistas do mundo para a temporada 2012 de Surf Profissional:
Yadin Nicoll - 34 - Ganhou o convite da ASP por lesão. Vem tentando ingresso no WT há alguns anos e este ano, quando finalmente conseguiu, se lesionou seriamente numa surf trip para o Japão. Era o jeito divino de interferir. Pode ser? Fato é que sua lesão proporcionou a entrada antecipada (e festejada) de João João. Yadin vem de uma região da Austrália com tradição na criação de big riders, e é estrela de vídeos de surf desde sempre. Pode dar trabalho, mas tem tudo para ser mais um operário do tour. O US Open demonstrou bem o tipo de competidor que é...
Kai Otton - 33 - Num ano tão bom de onda esperava mais do australiano. É o Michel Rommelse dessa geração. Brilhou em Saquarema num mar cabuloso e no WT por várias oportunidades não conseguiu transformar a melhor onda da bateria numa vitória. Dono de algumas das notas 10 mais merecidas em anos. Pode voltar a se firmar em 2012, se realmente estiver a fim. Este ano abriu mão de alguns eventos que acabaram fazendo falta no fim.
Travies Logie - 32 - Esse foi o cara que ia passando por média a cada bimestre com uma ajudinha do professor que trocava uma prova por um trabalho ou algo do tipo. Estava mal das pernas, mas devido a contusões e desistências acabou competindo em vários WT como convidado. Sua história durante o evento do Tahiti poderia facilmente virar filme. Estava aguardando as ondas para a disputa de um Star na Europa quando foi convocado as pressas para substituir alguém em Chopes, chegou lá exausto, sem pranchas e num mar cabuloso arrancou na raça um terceiro lugar (não sem antes a ASP praticar das suas ao reiniciar uma bateria com resultado fechado, lembram? Travis x Jordie). Surf ultrapassado, não deve ir longe pelo WT. Pode até figurar na lista de 2013, mas graças aos Primes e Star. Soltou rojões com a noticia do fim da rotação semestral.
Dusty Payne - 31 - Estrela de filmes de surf e autor de algumas baterias sensacionais, costuma competir mal e perder em fases que distribuem poucos pontos. Começou bem o ano em Snapper, mas seu ponto alto na temporada foi a semi no US Open, quando perdeu para KS numa bateria sensacional. Surf tem. Falta competir melhor (menos marra, mais concentração?). Ou virar free surfer...Vai querer mostrar serviço, João João o inspirará ou o atropelará.
Patrick Gudauskas - 30 - Tipico operário. Consegue completar manobras bem malucas, mas não enche os olhos de ninguém. Vai curtir a vida no tour uns anos ainda. O caçula do clã esta beliscando a vaga. Talvez com a cia do irmão consiga subir um pouco mais no ranking. Venceu o Prime com melhores ondas do ano, em Ballito, Africa do Sul (evento em que os brazzos quebraram também).
CJ Hobgood - 29 - Campeão mundial de respeito, sem patrocínio há mais de ano, contudo. Ano de altos e baixos para o simpático americano. Quando esta a fim é jogo duro para qualquer um, como mostrou no Prime de Azores . O lance é se ele esta mesmo com vontade de seguir o mundial ou ficar em casa curtindo a familia. Dizem que foi convidado para o WT de São Chico do Norte e recusou. Pelo menos no Pipemasters mostrou a vontade de costume e deu show.
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Mal saiu e já voltou? CJ permanece onde tem que ficar, na elite do surf mundial. foto: espn.estadao.com.br |
Kolohe Andino - 28 - Esperam muito dele. Isso pode até ser um problema. Mostrou na perna brasileira que não tem medo de cara feia vencendo 2 eventos seguidos ( mesmo com alguns empurrõezinhos), mantendo o ritmo no outro lado do mundo, AUS, onde abocanhou seu terceiro 6 estrelas em sequencia. Foi o melhor nesta classe de campeonatos, ou seja, eventos de terceiro escalão. Nos Primes não fez nada demais e na chance que teve no WT, se jogou. Ok, um ponto para ele, mas foi só isso. Definitivamente um cara que é bom na série C não chegará arrebentando na série A. Vai se manter com os pontos obtidos fora do WT. Talvez com os anos se transforme em tudo que esperam dele, mas no ano de estréia não. Isso é coisa para gente de outra estirpe...Pode ser inclusive que ele se torne um operário, ou pior, um farsante...a ver. Já é muito melhor do que seu pai jamais foi. Durante o ano deu várias declarações elogiosas aos brasileiros, com quem pretende aprender alguns truques. Humildade não faz mal a ninguém.
November 2011- Hawaii from
Kolohe Andino on
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Adam Melling - 27 - A Ovelha Dolly do Fanning mostrou raça em 2011 e se garantiu no WT mostrando muito sangue frio nas disputas no Hawaii, completando uma Tríplice Coroa dos sonhos, pela primeira e provavelmente última vez na carreira. Outro trabalhador padrão tipico da ASP. Desde o inicio da temporada percebeu que caras como ele tem sua batata colocada para assar com constância no novo WT. Correu atras e se deu bem. Se não tomar cuidado será atropelado pela molecada em 2012.
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Melling. Continuará garimpando. Bom surfista e bom competidor, nada além disso. foto: surf.transworld.net |
Miguel Pupo - 26 - O filho do vala chegou lá. E chegou causando estragos. Venceu 2 Primes na Califórnia e no WT, apesar de nenhum resultado expressivo, já mostrou do que é feito. Merece uma medalha por ter se jogado em Pipe mesmo lesionado. Tem, na minha opinião, o estilo mais bonito desta nova safra canarinho e desfilará seu classe no WT 2012 rumo aos Top 10, principalmente se evoluir em ondas tubulares para direita, talvez seu único ponto fraco.
João João Florence - 25 - Já é um dos melhores do tour, especialmente em ondas de consequencia. Pelo visto gostou da brincadeira de viajar com os melhores do mundo surfando ondas fantásticas. Se Netuno continuar com a boa vontade é Top 10 fácil em 2012, e provável Top 5. Em verdade, pelo nível do moleque, é candidato a título, mas erros como o que cometeu nas quartas do Pipemasters ainda o tiram da lista dos favoritos ao caneco. Se aprender a vencer eventos será dificil segura-lo. Aposto que vence uma etapa este ano. Tenho uma Hardcore antiga na casa da minha mãe, onde o autor da coluna final (acho que foi Reynaldo Andraus) profetiza uma final em Pipeline entre Mineiro e João João. Pode acertar na mosca!
Raoni Monteiro - 24 - Outro que teve um ano de altos e baixos no WT, mas manteve-se sempre bem no ranking com alguns resultados expressivos, como o vice no Prime de Saquarema, a semi em Sunset e o quinto lugar em Teahupoo. Quem acompanha a carreira do Raoni (no meu caso desde que ele venceu uma final contra Marco Polo no Brasileiro Amador em 93 ou 94. O mar da Barra da Tijuca estava indigesto e o moleque de 12 anos quebrou tudo) sabe que não é por acaso que seus melhores resultados tenham ocorrido em mares de consequencia. Se encontrar a constância necessária vira top 10 fácil.
Tiago Pires - 23 - Nosso camarada portuga não teve um de seus melhores anos. Numa jogada surpreendente largou um patrocínio histórico da Billabong para fechar com a concorrente Quick por 10 anos (dizem). Até a final do Prime Santa Cruz o gajo pouco tinha arranjado. Deixou de competir em alguns eventos chave que poderiam ter lhe dado um fim de ano mais tranquilo. Deve entrar em 2012 mais escaldado. Acredito que Pires ainda tenha alguns anos de tour, mas para quem começou como uma promessa, decepcionou ao acostumar-se com a vida de operário do tour.
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Tiago Pires não teve um ano muito bom. Mas aprende rápido e deve melhorar em 2012. foto: surfermag.com |
Jadson André - 22 - Provavelmente o cara mais mal julgado do ano. Parecia até represália dos juízes pela vitória no ano de estreia (vale lembrar que Jadson sofreu duras criticas ao seu surf APÓS a vitória em Imbituba. A história do One Trick Poney. Jadson nunca foi, e provou isso ainda em 2010 com vitórias convincentes em mares que teoricamente não seriam sua especialidade). Em 2011, a única chance que tinha era quando realmente destruía o adversário, não deixando dúvidas de quem era o vencedor. Se fosse precisar de pouco para passar a bateria era garfado. Surfou bem em todos os lugares que o circuito passou, principalmente nas primeiras fases (perdeu poucas vezes na primeira fase). Sua bateria com Fanning em Bells entra para o hall das melhores do ano. Acredito que 2012 consiga ficar entre os top 16 sem grandes sustos, mas seu lugar de direito é bem mais acima no ranking.
Jadson André, campeão do Billabong Pro 2010 - Vídeo das melhores ondas do campeão from
Emfocosurf.com.br on
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Taylor Knox - 21 - O vovô do circuito renovou-se junto com a primeira rotação do tour. O segundo semestre de 2011 foi o melhor da carreira de Taylor. Achava que o garoto de 40 anos largaria o tour em 2013, mas se iniciar 2012 no mesmo ritmo que terminou 2011, ele continua mais um tempo. Até porque sua linha continua impecável. Torço pela sua permanência. É um exemplo de atleta. O surf profissional precisa de caras como Taylor.
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Taylor Knox, o mais velho do tour. Deu trabalho no segundo semestre. Sou capaz de apostar que o gas acabou e que este é o ultimo ano do veterano. Fará falta. foto: cisurfboards.com |
Matt Wilkinson - 20 - O criativo australiano de Copacabana - AUS (sim há outra Copa, google it...) finalmente conseguiu chamar atenção também pelo seu surf. Especialmente em Teahupoo, onde conjurou a melhor performance de sua carreira. Suas roupas de borracha personalizadas também foram uma bela sacada de marketing. Empobreceu um pouco sua participação com boatos sobre sua conduta noturna estar um tanto quanto exagerada. Coisa que definitivamente não combina com grandes resultados (nem com bons patrocínios). Pode se manter em 2012, assim como pode despencar no ranking e ter que recorrer aos Primes. Tem um dos melhores Blogs do ramo.
Teahupoo from
Matt Wilkinson on
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Brett Simpson - 19 - Tem gente que acha esse cara um farsante. Surfando na ponta dos pés, bracinhos para cima e movimentos que juizes adoram, mas quase sem pressão. Creio que mudou a opinião de muitos após sua atuação em Teahupoo. É um operário bem normalzinho e nunca descolará nada demais a nível de resultado, mas também esta longe de ser um farsante. Provou que pode surfar bem em qualquer condição, entubando fundo e manobrando no critico (mas sem força). Se surfasse com power seria do nível do Dane Reynolds. SE...do verbo: nunca...
Simpo's Scene from
David Lee Scales on
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Heitor Alves - 18 - Não teve um ano recheado de vitórias como 2010, mas manteve o nível de performance. O que o prejudicou de verdade foram as lesões. Suas atuações em Peniche e Trestles foram algo de espetacular. Deve ser o brazzo com maior legião de fãs entre os gringos após a entrevista que deu em Trestles. Desde o inicio do ano mostrou evolução naquilo que seriam seus pontos fracos. Esta surfando de costas para onda melhor do que nunca, e durante as baterias esta saindo de tubos impossíveis e voltando de manobras aéreas cada vez mais elaboradas. Esta chegando a hora de sua primeira vitória na elite...vai vendo.
10 dias em Margaret com Heitor Alves from
Pedro Felizardo on
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Adrian Buchan - 17 -Talvez o backside mais estiloso desde Occy. De costas para a onda ele conseguiu seu único resultado digno de nota em 2011. Um terceiro em J. Bay. Costuma competir bem, mas não foi uma ano para guardar na memória. Outro que pode se beneficiar do ingresso de Fiji no calendário. Segundo Nuno Jonet, Adrian é um escritor infantil de relativo sucesso com alguns título publicados. Acho que esse será o robbie dele ainda por um tempo. O articulado goofy aussie ainda tem muito surf para mostrar na elite.
Ace Buchan // Hawaii // 1:33 from
SURFING Magazine on
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Bede Durbidge - 16 - Já o comparei a Damien Hardman. Tem a mesma frieza competitiva, mas sem a estrela do Bi campeão mundial. Começou 2011 muito mal, perdendo baterias que não costuma perder, mas se levantou no Brasil, com um pódium, resultado que só voltou a repetir em Portugal. Bede é osso duro em qualquer condição. Espero melhores dias para ele em 2012.
Kieren Perrow - 15 - De longe o pior estilo do tour. Se não fosse tão influente e tão go for it com toda a certeza ele já teria recebido o cartão "não te queremos aqui" da ASP, como Neco e Cory. Articulou-se como nunca em 2011, o que lhe valeu o "carinhoso" apelido de Conspirador. Como relata Julio Adler da Hardcore, por um dia o WT J Bay não termina clássico, graças ao Kieren. Sua vitória no Pipemasters só teve a ver com sua imensa disposição para se jogar em cracas. Merecido. O Mundial de Ondas grandes podia usar os talentos do Conspirador, dentro e fora da agua.
Kieren Perrow scoring world class winter waves around the Byron shire from
Tim Davies on
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Damien Hobgood - 14 - o gemeo do campeão do mundo de 2001 continua com a precisão e go for it que o caracterizam mas teve um ano abaixo de sua média, com um quinto lugar como melhor resultado (J Bay). Seu posicionamento do ranking reflete sua regularidade, embora tenha passado mais baterias polemicas que o recomendado. Recebe Fiji de braços abertos. Assim como seu irmão, é um homem de fé. Coisas boas tendem a acontecer para pessoas assim.
Jeremy Flores - 13 - Após a épica vitória no Pipemasters 2010 quase nada deu certo na vida competitiva do melhor Francês da história do esporte. Logo no inicio do ano envolveu-se numa polemica briga na AUS (envolvendo seus amigos Sunny Garcia e filho). Em seguida lesionou com relativa seriedade seu joelho. Voltou a competir no Brasil, em grande estilo, com um pódium, mas lesionou-se novamente em casa e desta vez de forma mais grave (tornozelo, acho). Se resolver seus problemas fisicos, pode sim disputar um lugar entre os Top 5.
Gabriel Medina - 12 - Freak Medina. Ponta de lança da Brazilian Storm. Veio, viu e venceu. Tem olhar de matador, de campeão. Mas precisa muito acreditar que não venceu nada e continuar com sua rotina, especialmente com as mesmas companhias. Medina parece muito responsável e centrado, mas não esqueçamos que ainda é adolescente. Excessos no tour sempre foram e ainda são uma realidade e parasitas que se entitulam amigos também. Charles deve estar ligado nisso e deve blindar o moleque em 2012. Se entrar no mesmo ritmo do segundo semestre de 2011 o primeiro de muitos títulos mundiais é a consequencia natural das coisas.
Mick Fanning - 11 - Profissional que é, surfou bem em todos os eventos que disputou. Não raro, seu adversário fazia a melhor média da fase para vence-lo. Meio que chutou o balde após perder a final de J Bay. Pode até ser considerado a decepção do ano. Acredito no macaco albino. Se ele sentir fraquezas no careca sanguinolento pode surgir surpreendendo a todos, inclusive a nova geração. O tricampeonato cairia bem no curriculum de Fanning.
Alejo Muniz - 10 -
teve um ano muito especial. Surfou bem em todos os lugares, mesmo naqueles onda jamais havia surfado antes, fez um 10 no Tahiti (9,8 foi maldade), resultados em point breaks (quinto em J Bay e Snapper) em beach breaks (terceiro em São Francisco e NY) ficando em haver apenas no Hawaii, onde acabou não competindo por lesão.
O único lugar em que não achei o surf dele tão bom foi em Hossegor e mesmo assim ele passou as baterias. É o que os gringos chamam de "pacote completo". Juntamente com Pupo forma a dupla mais estilosa vinda da America do Sul desde Fabio Gouveia. Disciplinado, acho que se mantém ou sobe no ranking. Viu que não é dificil fazer resultado. Dificil é ser constante. Trabalhando nisso, o hermano catarina ainda dará muitas alegrias ao Brasil e porque não? a vizinha Argentina também.
Julian Wilson - 9 - após bater na trave alguns anos, finalmente a promessa australiana conseguiu sua vaga no WT. Não decepcionou nenhum de seus fãs, com performaces inovadoras sempre que entrou na agua. Seus videos na internet são uma atração a parte. Tomou uma dura de Alejo Muniz pela disputa do Rookie of de Year. E só venceu seu companheiro de equipe graças a final na França e a lesão de Alejo no Pipemasters, pois o brazzo foi mais constante durante o ano. Teve que amadurecer durante a temporada. Sofreu algumas derrotas amargas, como a de Trestles, que lhe ensinarão uma coisa ou duas sobre as competições do Tour. Surge como candidato ao título já a partir de 2012, com ou sem careca no Tour, o que é muito significativo. Tem tudo para substituir com louvor os collie kids.
JULIAN WILSON 2011 WRAP UP from Julian Wilson on Vimeo.
Josh Kerr - 8 - e não é que finalmente a promessa voadora australiana (que mora na califa) desencantou? Após entrar no WT e sair, quase desistindo de competir e voltar, neste ano Kerrzy conseguiu mostrar nas competições o que vem mostrando em seus videos há anos. Quando teve a oportunidade voou a torto e a direito completando manobras cinematograficas durantes suas baterias. Além disso, ganhou o respeito de toda a comunidade do surf com suas atuações em Teahupoo. Se pegar gosto pela coisa será dificil tirar um lugar entre os top 10 dele.
Jordy Smith - 7 - Identidade. Acho que é isso o que esta faltando para o magrelo sul africano. Após despontar nas competições como uma cópia de Joel Parkinson e esnobar a maior empresa de produtos esportivos do planeta, parece que o Lacraia esta meio perdido (amargurado talvez?). Seu estilo não é mais parecido com o do Parko, e esta bem feinho e desconjuntado. Após ver que a aposta da Nike não era blefe, deve ter se arrependido um pouco ao ter fechado um contrato longo com a O´Neill. Em 2010 disputou a título com o careca sanguinolento, mas em 2011 foi uma sombra de si mesmo, demonstrando um brilhareco na vitória em casa. O mar mexido acabou ajudando, já que Fanning surfou mais que ele a semana toda. Como consegue completar todas as manobras inovadoras imaginaveis, acho que leva pequena vantagem por conta de seu tamanho, já que faz as mesmas loucuras em ondas de 2 a 12 pés. Se encontrar sua identidade é cara para disputar o título.
Michel Bourez - 6 - Força demais, harmonia de menos. Acho que o tahitiano fica sempre a centimetros de acertar A manobra, as vezes a prancha vai e o corpo não acompanha, as vezes é o inverso. São inegáveis as várias virtudes de Michel, o que evidencia ainda mais que não precisa fazer tanta força para surfar igual aos outros. 2011 foi de longe o melhor ano dele no tour, com uma constância invejável. Acho que desce a ladeira do ranking ano que vem. Muita gente melhor que ele chegando.
Adriano de Souza - 5 - Pode não ter ultrapassado Vitinho no quesito melhor brasileiro rankeado da história, mas entrou de vez para as escrituras do surf nacional ao quebrar mais uma barreira e liderar o mundial de 2011. Mineiro não tem o estilo mais amado do mundo, base aberta, braços esticados e corpo meio duro, contudo, coloca a prancha em lugares que poucos igualam, e mais, faz tudo com extrema força e pressão, sempre conseguindo manter a velocidade do movimento. Para mim, Adriano é um novo Peterson Rosa, não ganha fãs só pelo surf, mas pela raça. Determinação é sua palavra de ordem e poderá chegar ao titulo máximo justamente por conta disso.
Chris Mauro, escreveu um texto para criticar Dane Reynolds e usou Mineiro como exemplo. Muitos acharam uma critica ao brasileiro. Eu já achei uma comparação até bem justa entre Mineiro e Reynolds. Um tem pelo que lutar, veio do nada e tudo o que tem veio do esporte, maximizando todo seu talento sobre uma prancha enquanto o outro (Dane) teve sempre tudo de mão beijada e (segundo Mauro) desperdiça seu talento ao sair do tour...
A melhor frase do ano sobre Mineiro veio de Julio Adler (para variar) "KS ganhou de todos em 2011, menos do Mineiro. Adriano ganhou de todos em 2011, inclusive do careca."
Resume perfeitamente o ano do brasileiro, que juntamente com Owen, foram os dois melhores humanos a disputar o WT 2011 por completo.
Taj Burrow - 4 - O rei do quase. Não dá nem para dizer que é o novo Cheyne Horan, já que só tem 2 vices (Parko tem 4!). Taj é o rei do quase, porque ele quase sempre é o melhor do campeonato e quase sempre perde antes da final, (ou na final). É o maior fregues do KS. Quebra em 70% de suas baterias, conta com a simpatia judicial em outros 25% e perde melancolicamente nos 5% restantes, quase (de novo) sempre, perde surfando muito e de virada. Tentará novamente ser campeão do mundo e acho que quase será...quem sabe um dia.
Owen Wright - 3 - Surpreendente. Owen surgiu para o mundo competição (pro) vencendo seguidamente o careca sanguinolento. Ninguém fez isso de graça. Tem que ter um motivo. 2011 foi a explicação de tudo. Owen é, na minha opinião, a maior promessa australiana dessa geração. E o cara que melhor bate na onda de backside no mundo. Occy concorda. Acho que foi garfado em uma das finais e em verdade venceu o careca em Trestles e NY (Chopes não). De qualquer forma mostrou que pode fazer finais seguidamente e disputará novamente o título, primeiro contra o careca e depois anos e mais anos contra os amigos brasileiros, Jadson, Gabriel e cia, e não por acaso, vencerá alguns...vai vendo.
Owen Wright SEVEN WAYS from Jon Hechtkopf on Vimeo.
Joel Parkinson - 2 - Após uma perna européia apagada foi até um tanto quanto surpreendente ve-lo terminar pelo quarto ano em segundo lugar no ranking mundial, igualando o feito do conterraneo Cheyne Horan. Suas derrotas prematuras em Chopes (para Simpo) e na França (para o wild card) foram os resultados destoantes de um ano muito constante do australiano, especialmente ao considerarmos os dois segundos lugares nos dois últimos eventos. É um extra série, sem dúvida alguma, a questão é saber se tem estrela para um dia levantar o caneco (Fanning tem). Se o sanguinolento realmente baixar a guarda, Parko esta ali, de malas prontas para subir mais um degrau no ranking. Resta saber também, se agora já não é tarde demais. Quando seus opositores costumazes levantam o pé do acelerador, novos concorrentes famintos chegam. Ele mesmo surgiu assim. Era 99, J Bay, como convidado Parko surpreendeu o mundo e venceu. Desde então provou muitas e muitas vezes ser um dos melhores do mundo. Em tese já deveria ter um título no bolso. A idade ainda não é problema, surf tão pouco, mas sorte...essa nunca foi muito amiga de Joel. Já merece seu título mundial, mas merecer quase nunca é o suficiente para a vitória.
atualizando 10/01: relendo, não fui justo com o Parko. Na primeira versão que escrevi ao menos eu mencionava a espetacular vitória dele em Bells (esse ano e na 50º edição da parada! mole...) e por lapso na versão final sumiu. Mas o pior mesmo foi esse videozinho que tinha colocado. Na moral, ta todo mundo cansado de ver o malandro abusar das direitas da Gold Coast.
Mencionei 4 vices do mundo...não mencionei 3 titulos em Sunset.
KS e Curren, são exemplos de campeões do mundo que NUNCA venceram na volumosa onda havaiana.
Resumindo, mudei o video.
Kelly Slater - 1 - Se Robert "careca sanguinolento" Slater fosse um corredor ou piloto, seria daqueles que largam mal, ficam rondando os 5 ou 6 primeiros lugares durante a corrida toda e no finalzinho, após uma arrancada fenomenal e algumas ultrapassagens atordoantes cruza a linha de chegada por primeiro. Acho que é um dos poucos (o único?) que tem o que eu chamaria de reserva tecnica. Quando é realmente preciso ele tem um algo mais para mostrar. Durante seus muitos anos de competição, desenvolveu uma técnica de encarar um campeonato de surf que, aliado ao seu imenso talento, o tornou o mais bem sucedido surfista da história. É dificil analisar um personagem desses. Ao mesmo tempo que os 11 titulos mundiais evidenciam sua fome por vitórias (e evidentemente o desgosto por derrotas), já ha algum tempo ve-se no careca uma feição, uns gestos, uma linguagem corporal de quem já esta de saco cheio (Fiji este ano mostrou bem isso), de quem já não sabe mais porque quer tanto ganhar (humilhar?) os outros. Se vencer Snapper, segue mais uma ou duas etapas, se os resultados aparecerem briga pelo décimo segundo, senão aparecerem, deixa a encrenca para os outros e vai curtir a vida.
Esse merece dois videos, né?
Segue mais um.
Slater no Deserto from Grupo Sal on Vimeo.