terça-feira, 17 de março de 2015

CARAS QUE MERECIAM, MAS NUNCA CHEGARAM AO CT...

Essa é inspirada no já clássico Top Ranking do Canal Woohoo...e também para contra balançar o texto que fiz em 2011: Pregos que chegaram ao WCT.

A divisão do circuito mundial de surf, nos idos 1992, gerou uma certa crueldade com muitas promessas do esporte. Essa crueldade começou a se acentuar ainda mais a partir de 1994/1995, quando o circuito começou a procurar ondas melhores para a "1ª Divisão" e a manutenção de locais mediocres em épocas equivocadas para a "2ª Divisão".
Portanto, temos uma penca de caras que jamais conseguiu ultrapassar a barreira do QS, mesmo demonstrando talento e capacidade para se manter confortavelmente na arena do CT. Com certeza estou esquecendo uma renca de gente, mas do topo da cabeça me vem esses:

Binho Nunes - Binho chegou perto em 94, tanto que conseguiu vaga para o histórico Pipemasters de 1995, quando deu show e foi comparado pelo locutor do evento a T. Carroll, com seus drops atrasados diretamente para o canudo. Ousou em cair com pranchas menores do que o recomendado e acabou em nono. Neste ano de 94 fez duas finais seguidas do QS na perna brasileira, vencendo uma e perdendo outra, ambas contra Matt Hoy. Caso se classificasse neste ano poderia ter competido no evento de estreia de G Land em 95, por exemplo. Num exercício de ficção não é difícil imaginar o paulista indo bem nesta etapa, bem como na seguinte, nas perfeitas canhotas de Saint. Leu.






Marcelo Trekinho - Diferentemente de Binho, Trekinho nunca chegou perto da classificação. Não sei qual foi seu melhor ano no QS, lembro de uma final que perdeu pro Mineiro em 2008 e só. O que vem mais facilmente à memória são as atuações do Trekinho no filme Surf Adventures e principalmente sua atuação no Super Surf em Maresias nos idos de 2002, quando, num mar clássico, venceu o evento com direito a 3 notas 10 no mesmo dia! Penso que caso se classificasse para o CT neste mesmo ano de 2002, Marcelo poderia alcançar grandes resultados, ainda mais num ano que o CT contou com Pipe e Sunset, sem falar em J Bay, Trestles e as já tradicionais Teahupoo e Tavarua.


Ricardo dos Santos - Esse texto demorou para sair justamente por conta da morte do Ricardinho. Foi um mês de completa falta de inspiração e vontade de exigir do cérebro memórias para demonstrar o óbvio. Ricardo dos Santos caía como uma luva no CT. Bom de tubos, ondas pesadas, manobras aéreas e com cartas na manga tanto para direita quanto para a esquerda. O títulos nos trials mais difíceis do mundo no Tahiti são uma pequena demonstração do que o futuro poderia reservar para o catarinense. Ouso imaginar que seria campeão da Tríplice Coroa Havaiana por mais de uma vez, assim como Pipemasters.

http://canaloff.globo.com/programas/brazilian-storm/videos/3907361.html


Tiago Camarão - Dos aqui listados é um dos que (acho) tem mais chance de furar o bloqueio. Deu uma parada em 2014, por lesão aparentemente, mas continua com providencial apoio de seus patrocinadores e já esta na estrada do QS de novo. Camaras, ao meu ver, tem nas ondas havaianas seu diferencial. Excelente em tubos, e com tamanho e força suficientes para quando necessário, se impor na base da porrada. Salvo engano seu melhor ano foi 2011, em especial na etapa de Trestles, vencida por Miguel Pupo. Dos mais articulados, Tiago fez sucesso nas entrevistas, e creio, ganhou moral tanto na terrinha do tio sam, quanto com seus patrocinadores.



Bruno Santos - Esse é um dos mais fáceis de se constatar que faria imenso sucesso no CT. Até já venceu um evento sem ser da elite. Talvez ocorresse anos em que Bruninho ficasse na rabeira e dependesse de resultados para se manter, como num ano em que o CT não encaixe de rolar em boas condições. Mas no geral, é fácil imaginar alguns título do Pipemasters no bolso do niteroiense.

Jr Faria - Acho que tem o mesmo nível do Camarão, com a vantagem de ser articulado sem a necessidade de parecer engraçado. Profundo conhecedor do esporte, seria como um jovem Derek Hynd voltasse ao tour. Sonho mesmo seria se Jr não só se classificasse pro CT, mas que recebesse polpuda recompensa para cobrir o circuito enquanto participante. As melhores reportagens por quem não só entende como participa! Ballito 2011 mostrou um pouco do que ele seria capaz no CT.


Junior Faria / HAWAII '14 from BRUNO TESSARI on Vimeo.

Heitor Pereira - Go for it em estado bruto. Caso se classificasse para o CT seria sempre comparado a Kong, Peterson, Kieran entre outros desnaturados que passaram pelo Tour. Hoje em dia shaper, poderia entrar para a restrita galeria de pros que fazem as próprias bóias, como Mark Richards, Simon Anderson e Glyndon Ringrose.





Apenas para concluir a lista: Marco Giogi (não é brasileiro, mas é, entende?), Pablo Paulino, Hizunome Bettero, Marcondes Rocha, João Guttemberg, entre muitos outros fariam bonito no CT.

quinta-feira, 5 de março de 2015

VEM, VAMOS EMBORA, QUE ESPERAR NÃO É SABER...

Já viram a prancha do Gabriel Medina? 
Parece a camisa do Botafogo, tamanha a quantidade de patrocínios, mas ao contrário da situação do mítico clube carioca, Gabriel esta com tantos patrocínios por estar em alta, na moda, "na crista da onda".
De qualquer sorte, prova, sem sombra de dúvidas que empresas de fora do esporte como OI, Guaraná Antártica e Mitsubishi, tem cotas ($) para patrocinar esportes "alternativos".
Certamente, por se tratar de empresas grandes e organizadas, uma bela parte dessa verba retornará à empresa através da Lei de Incentivo ao Desporto. Não duvide!
Confesso que preciso de um estudo bem mais aprofundado da Lei nº 11.438/2006 para não falar besteiras aqui, mas estou certo de que haverá retorno para estas empresas, não só no aspecto de visibilidade do atleta, como em pagamento à menor de impostos.
Dito isso, questiono: 

  • Porque tais empresas não apostam também no esporte que acabou de nos dar mais um campeão do mundo?
  • Porque apostar apenas na certeza de retorno? Naquilo que já esta pronto e rendendo frutos?
  • Porque não apostar também nos campeonatos/circuitos amadores, para fomentar futuros Medina? 
  • Porque não apostar também nos campeonatos/circuitos master, para fomentar a criação de ídolos e por consequência a paixão e crescimento do esporte?

Falta de visão é o que me vem à mente, já que dinheiro existe e leis de incentivo (isenção de impostos) existem.
Mas a falta de visão não é apenas dos empresários. É preciso que a classe se mobilize. Os profissionais, do surf, da organização de eventos, dos meios de comunicação especializados e fãs.
Todos tem parte da culpa, é preciso que se diga, é preciso se unir e se mobilizar para pedir mudanças dessa situação, seja em grupo ou através das associações existentes, ABRASP, CBS, etc.
Tais mudanças, infelizmente, só ocorrerão com modificações e criações de Leis e muita pressão política, mesmo porque, à exemplo de vários esportes olímpicos, o apoio não precisa vir apenas pela iniciativa privada. Nosso Governo também deve apoiar ($) o desenvolvimento do surf.
Mas, alguém vai esperar um momento melhor do que este para iniciar tais movimentos de mudanças?
Tomara que não.