Na 6 vitória em Trestles e 50º em etapas do WCT, Robert Kelly Slater I, o Sanguinolento Imperdoável, mostrou mais uma vez que não é "só" a sua capacidade de fazer piruetas, carves, etc sobre a onda que faz a diferença, ainda mais com o nível dos adversários de hoje em dia, quantidade e qualidade de manobras assombrosas são desferidas por todos os Tops. O que faz a diferença é sua capacidade de juntar todos os fatores e manobras na hora que lhe convém, é sua capacidade de programar todo o evento e seus percalços previamente em sua mente, além de ingressar na cabeça de seus adversários de modo e faze-los "tremer os cambitos", como disse Adler, no caso de Fanning, ou se enervar, no caso de Joel, em momentos chave para definição de baterias. Isso tudo sem ter sido "O" melhor surfista na agua em momento algum da competição, fazendo uma única nota acima dos 9 na semi final.
E ainda me perguntam porque o chamo de sanguinolento...tsc...KS é foda!
A raiva demonstrada com a anotação da interferência que Julian Wilson (malandramente) lhe impôs advém justamente dessa capacidade de prever, de montar o evento em sua cabeça. Não estava nos seus planos cair na agua na fase 5. KS encara a fase 4 (no losers) como deve ser encarada.
Ricardo dos Santos dificultou um pouco as coisas, mas KS esta mirando o caneco de 2012. Numa das entrevistas pós bateria chegou a afirmar que se "quiser continuar nesta 'coisa' não posso perder antes das quartas até o final do ano". O que é uma excelente notícia visto que seus adversários diretos não parecem ter diminuído o ritmo.
Mick só parece ter tremido contra o Careca já que vinha de atuações impecáveis até ali, o mesmo se aplica a JJ até encontrar com Mineiro (outro candidato ao título que esta surfando os cascos). Aliás, Mick, tirando a etapa de abertura quando perdeu precocemente para Pupo, não sabe o que é parar antes das semis em 2012, já Miguel...
Joel, que também esta no pareo, estava mais concentrado do que nunca, assistindo as baterias dos adversários com atenção, e pelo visto conta com uma ajuda arbitral só antes vista com Occy/99 e Sunny/00, Jeremy (Tahiti) e Jordy (Trestles) que o digam.
Não obstante tudo isso, alguém duvida que na próxima vez que o circo da ASP desembarcar na Califórnia (Santa Cruz), Slater estará liderando a peleja. Num local, diga-se, que Kelly jamais venceu. É notória sua intenção de vencer ao menos 1 vez em cada local que o circuito passa.
BRASILEIROS
Jadson André - Evoluiu, pena que uma rotina já conhecida se repetiu, perder por pouco surfando muito. Revi a bateria, creio que Wilson realmente venceu, mas o que Trekinho falou no seriesfecham não deixa de fazer sentido, os caras deixam a situação de forma que fica relativamente fácil para "os caras" virarem. Centésimos a menos em duas ondas significam meio ponto a menos na necessidade do adversário. Se Julian precisasse de pouco mais que 7 no final daquela bateria ele estaria encrencado. Ao menos desta vez tinha alguém (ex campeão do mundo Barton Lynch) na locução que não tinha rabo preso com ninguém e falou (e muito) que a onda nota 8 de Julian era exagerada e que a nota 7 e pouco de Jadson foi abaixo do que merecia, falando com todas as letras o que venho escrevendo aqui desde o ano passado, se tem alguém mal julgado neste circuito e especialmente no aéreo reverse, esse alguém é o potiguar, e a justificativa de que "repetiu a manobra muito" não cola, haja vista que a dificuldade de execução se mantém. Miguel Pupo - Perdeu por erros e quedas próprias. Em Lowers escolheu bem as ondas, mas não conseguiu finaliza-las adequadamente, dando chande dos adversários o ultrapassarem com ondas e surf de pior qualidade. Apresenta o surf e classe de sempre, mas competição é cruel. Continuo com minha fé no filho do vala. Alejo Muniz - Fez sua melhor apresentação do ano contra Fred P. na fase 2. Precisão, calma, radicalidade. Repetiu a boa performance contra Julian, que se viu numa enrascada daquelas no final da bateria. O aussie virou, mas mais pelo tamanho da onda do que pelo surf propriamente dito, uma onda recheada de rasgadas sem muita expressão no soar do gongo. O vistoso ataque de costas para a onda do hermano catarina agrada aos juízes. Deve subir no ranking na Europa. Heitor Alves - Parecido um pouco com Pupo, esta com o surf em dia, mas com a competição em baixa. Completou a manobra do ano para eliminar Kolohe na fase 2, mas não faz nada mais digno de nota no evento. Precisa voltar a competir bem, como estava fazendo 2 anos atrás. O surf esta ali, só falta encaixa-lo nos 30 minutos de bateria. Gabriel Medina - Talvez o mais espetacular surf do campeonato. Ficou meio desnorteado com Mineiro abrindo mais de 18 pontos logo no inicio da bateria da fase 5, mas em todas as outras tirou ao menos duas notas acima de 8. O legal é perceber que, tirando a choradeira de CJ, os gringos meio que já aceitaram que Gabriel é arisco, especialmente em disputas de onda, não abaixa a cabeça para ninguém (até porque é um dos mais altos do tour) com seu wrestling sendo mais aceito que criticado. A fúria nos olhos do "derrotado" Medina observando o horizonte após sua bateria da fase 5 chegou a dar medo. Imagine nos adversários? Adriano de Souza - Mineiro fez tudo certo até a semi final, inclusive acabando com uma tradição que já o perseguiu 2011 todo, perder para compatriotas. Mas na bateria com Joel, quando deveria demonstrar calma e escolha de onda, se afobou e saiu pegando várias, arriscando e caindo bem mais do que devia, acabando por ver Joel desfilar suas rasgadas impecáveis rumo à final. De bom a subida no ranking e a posição low pressure que o quinto do mundo tem em relação ao título mundial no meio da temporada. Precisa vencer uma etapa urgentemente.
AGREGADO Tiago Pires - Se eu repetisse aqui o que escrevi de Jadson não estaria de todo errado. Apesar de achar que o colega português não é tão mal julgado quanto o brasileiro. Tiago surfou o fino na bateria da repescagem. Rasgadas no critico, voltando com pressão e sem perder velocidade, estava dominando o heat quando a estrela de Kai Otton brilhou na direita melhor surfada por um goofy em toda a competição. Deu azar, não há o que falar, surfou e competiu bem. GRINGOS Tudo bem, os noves foram exagerados, mas não tem como não elogiar o surf de Parko neste campeonato, onde vê-se 9, leia-se 8 ou 8,5 e estamos bem julgados. O malandro aperfeiçoou de tal forma sua rasgada de frontside que beira a perfeição terminar o movimento com mais velocidade do que quando o iniciou. Creio que precisa variar um pouco mais e principalmente voar mais. Acho difícil que suas rasgadas o prejudiquem como os aéreos reverse fazem com Jadson, mas não custa prevenir, não é? JJ, Mick, Wilson, Bourez, Gudauskas, Melling, Buchan, Jordy, Taj, a lista dos que QUEBRARAM com letra maiúscula é grande em Trestles, uns perdendo antes, outros depois, mas numa onda high performance como esta não é de estranhar que os que melhor combinaram força, estilo e modernidade foram adiante. Ponto negativo e surpreendente para Owen. Vamos para a Europa com um dos circuitos mais interessantes dos últimos anos, Mick não muito disparado na frente, confortável com o posto de número 1, Joel, KS, JJ, Mineiro e Taj parecem os mais famintos e com alguma chance de alcançá-lo, mas um tropeço e este caneco fica nas mãos do macaco albino pela terceira vez.
Um do Jordy. Ele tava com a macaca em Lowers este ano...Joel e os arbitros pararam a lacraia sul africana.
Three Days- Jordy Smith from O'Neill on Vimeo.