PRIME US OPEN - WILSON LEVA ?

Me atrasei nesta semana, mudança, trampo, um campê atrás do outro, inverno bombando...enfim...o blog ficou as moscas e com isso a notícia já virou coisa do passado, fato debatido, consumado, cansado até. 

Por um lado, isso até que foi bom pois pelo muito que li sobre este Prime Californiano, sou um dos poucos que achou o resultado do evento e as notas senão algo normal, algo dentro do esperado.

Longe da revolta da maioria, achei o resultado, especialmente da final, normal. Sim, a primeira nota do australiano foi supervalorizada, e sim, a melhor do Pupo ficou abaixo das expectativas (até o sanguinolento achou isso), mas o fato é que a caneta dos árbitros de surf não decidiu o resultado final, mesmo que a nota do Julian fosse menor e a do brazzo maior, sem uma segunda boa nota, Miguel continuaria sendo vice campeão. 

Ademais, reclamar da nota do australiano após ele fazer o que está em todas as apostilas do colegial de "como competir em Huntington" com notas de rodapé do Occy e comentários do Tom Curren, é algo contraproducente. Todo mundo sabe que a competição ali se resume aquilo que o ozzie malandramente aplicou. Duas manobras bem definidas no outside, seguindo de uma conexão mata barata e mais uma no inside. Interessante que ninguém falou nada da nota 9 que Mineiro fez contra Medina fazendo praticamente a mesma coisa que Julian...reclamar é algo salutar, mas ficar torcendo em panelinha já fica chato. 

Na mesma linha da apostila acima mencionada, alguém reparou como KS mudou de equipamento contra Dane? Posso estar redondamente equivocado, mas acho que ele preferiu abdicar das velozes quads pela segurança da triquilha, apostando num ataque mais poderoso de backside. Contra Dane funcionou, já contra Mig...mas era a mesma aposta que Mineiro e Julian fizeram.

Quem leu a magnífica matéria sobre Martin Potter da edição 01.2 da publicação bimestral The Surfers Journal Brasil, sabe que o wrestling que Mineiro, Medina, Filipe Toledo e vários outros jovens competidores brasileiros vêem fazendo durante as baterias é algo mais velho que a própria ASP e não tem absolutamente nada de pessoal.

A choradeira de alguns tops como CJ e Taj demonstra como as coisas amoleceram no mundial de surf, mas a meu ver, também abre uma brecha para um possível futuro domínio brazzo no mundial, ainda mais em baterias sem prioridade. Posso estar enganado, mas me parece que os "nossos" atletas querem mais que os atletas deles...afinal quem tem fome, tem pressa...

Este evento de fato era nosso e foi um pecado não termos finalizado com uma dobradinha, mas são coisas do esporte. Vejam bem, longe de mim entrar para o papo conformista de "mas o que vc queria na terra dos caras?" ou "naquele lugar é sempre assim puxam a sardinha para locais, ou para fulano ou siclano", sério! Até porque, sou ingênuo o suficiente para querer na casa dos caras, na minha ou na casa do chapel a mesmíssima justiça. Queria ter visto, sinceramente, Owen passar por Mineiro aqui no RJ ano passado, na mesma medida que queria vê-lo vencer Taj na primeira etapa do CT 2012.

Dito isso, ao falar coisas do esporte, me refiro à subjetividade adotada nas regras, e esse maldito "achismo" privou o público de uma final com os dois mais espetaculares surfistas da semana do US Open. Não que Julian não estivesse surfando bem, mas perto de Mig e Gabriel, Wilson foi um legítimo come quieto, aparecendo no momento certo para levar o cheque de 100 mil dinheiros do Obama.

Nestas apressadas linhas sobre o evento, não poderia deixar de mencionar a melhor bateria do ano entre brasileiros. Mineiro e Medina não deixaram nada para depois, a onda nota 19 e bordoada foi surfada neste heat. Mineiro fez 9 e tal na esquerda, enquanto Gabe arrancava um 10 na direita...espetáculo, show! Puro achismo de minha parte, mas acho que o único capaz de parar Mineiro nesta semana era Gabriel, se Mineiro passa essa, o caneco ia para casa dele...maldito SE!

Cabe ainda menção honrosa à Filipinho Toledo e Jessé Mendes. Maduros para o CT, espero muito que consigam a classificação. Estão treinando muito em ondas de qualidade e mostram cada vez mais que não tem medo de cara feia, nome famoso (Taj que o diga) ou mar ruim, o negócio é passar a bateria e fazer o resultado.

Miguel pode não ter vencido o evento, mas o escalpo careca reluzente na parede do quarto do Mig mostra quem ele teve que barrar para chegar a final. Acredito piamente que esta vitória sobre o sanguinolento teve um significado maior que as frias notas demonstram, inclusive para o KS.

Há ainda que se levantar um pouco (muito) a bola da transmissão. Porque os outros eventos do mundial não fazem/transmitem/produzem a parada com o mesmo requinte e qualidade?  Como transformar merrecas safadas num espetáculo televisivo? Esse deveria ser o título do manual do US Open, ou ao menos o livro de auto ajuda que vários (todos) outros eventos pelo globo deveriam estudar, decora-lo até.

É ate irônico que o primeiro grande evento (com todas as estrelas do tour), após o "fiasco" de Fiji, role exatamente nas marolas de Huntington, não é? De qualquer sorte, a tradição e o prestigio deste evento fazem com a competição em si faça parte da história do surf mundial, independentemente das condições de onda do pico. As batalhas são travadas naquele palco há décadas e temos que ter muito orgulho ao falar que o Brasil já faz parte desta história e tradição muito antes de inventarem a tal da brazilian storm.

Nunca é demais lembrar que Neco Padaratz venceu ali no século passado, numa final verde e amarelo contra o mestre Gouveia. Aliás, aquela, salvo engano, foi a primeira vitória brasileira em aguas californianas. E nos últimos dois anos os eventos disputados naquelas praias foram dominados pelos brasileiros e pelo sanguinolento, Pupo venceu em Trestles e Santa Cruz, Medina venceu em São Chico do Norte e repetiu a dose em Trestles e KS venceu o resto...faltou pouco para Mig fazer a trinca sagrada californiana, mas acho que de 2013 não passa.

Resultado

1 Julian Wilson (Aus)

2 Miguel Pupo (Bra)

3 Gabriel Medina (Bra)

3 Kelly Slater (EUA)
5 Adriano de Souza (Bra)
5 Filipe Toledo (Bra)
5 John John Florence (Haw)
5 Dane Reynolds (EUA)
9 Tim Reyes (EUA)
9 Kai Otton (Aus)
9 Jessé Mendes (Bra)
9 Nathaniel Curran (EUA)
9 Granger Larsen (Haw)
9 Nat Young (EUA)
9 Keanu Asing (Haw)
9 Brett Simpson (EUA)
17 Alex Ribeiro (Bra)

G-10 do ASP World Ranking - ATUALIZADO APÓS O 6 ESTRELAS DE NEWQUAY

1 John John Florence (Haw) - 36.165 pontos
2 Adriano de Souza (Bra) - 29.445
3 Kelly Slater (EUA) - 28.725
4 Gabriel Medina (Bra) - 27.615
5 Mick Fanning (Aus) - 25.243
6 Josh Kerr (Aus) - 23.736
7 Taj Burrow (Aus) - 23.525
8 Julian Wilson (Aus) - 22.300
9 Jordy Smith (Afr) - 21.560
10 Joel Parkinson (Aus) - 21.520
11 Miguel Pupo (Bra) - 20.250
12 Kai Otton (Aus) - 20.095
13 C. J. Hobgood (EUA) - 19.480
14 Adrian Buchan (Aus) - 18.205
15 Owen Wright (Aus) - 17.200
16 Glenn Hall (Irl) - 15.860 e 1.o no G-10
17 Jeremy Flores (Fra) - 15.570
18 Nat Young (EUA) - 13.910 e 2.o no G-10
19 Brett Simpson (EUA) - 13.490
20 Heitor Alves (Bra) - 12.780
21 Matt Wilkinson (Aus) - 12.325 e 3.o no G-10
22 Kolohe Andino (EUA) - 12.261 e 4.o no G-10
23 Alejo Muniz (Bra) - 12.200
24 Patrick Gudauskas (EUA) - 12.180 e 5.o no G-10
25 Filipe Toledo (Bra) - 12.145 e 6.o no G-10
26 Willian Cardoso (Bra) - 11.900 e 7.o no G-10
27 Damien Hobgood (EUA) - 11.770 e 8.o no G-10
28 Fredrick Patacchia (Haw) - 11.634 e 9.o no G-10
29 Sebastien Zietz (Haw) - 11.256 e 10.o no G-10