segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

WCT 2013 - PIPEMASTER - TEXTO DE TOLO...

Antes tarde do que nunca...

Apesar dos pedidos de KS para pararmos com as teorias conspiratórias, venho novamente encher o saco de vocês com mais um textinho anti-ASP e seu sistema...até porque KS faz parte desse sistema. O carecones, ao menos para mim, deixou claro que faz parte da nova direção da ASP (Zosea presidida por seu ex-empresário e a Quik é a maior parceira do empreendimento) ao pedir isso, especialmente após o morde e assopra que fez (veja aqui) logo a após a vitória de Mick sobre o pobre Yadin...

Vejam bem, não acho que o título do ano esteja em mãos erradas, longe disso, Mick é, sem dúvida alguma, um dos maiores competidores que o esporte já teve. Sério e extremamente bem preparado, é o que se tem de melhor na agua hoje em dia, e em todos os fundamentos, seja na onda, dentro dela ou acima dela.


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O que me deixa um pouco perplexo é como as coisas tem se desenrolado no circo da ASP. Foram várias as ondas duvidosas no ano (veja 5 exemplos aqui), sendo que várias delas foram em momentos decisivos a exemplo da onda da virada na final em Hossegor, sobre Medina e a onda da virada em Pipe, sobre Nicoll.

E o problema também não é o personagem (Mick), errar, a juizada erra com todos, o problema é quando os erros definem o final da história. A história deste ano, infelizmente, ficou marcada pelos erros de arbitragem.

Shane Dorian matou a charada durante a "explicação" do Porta: "Na hora que o Mick surfou a onda você sabia que ele tinha conseguido?" "Sim, na hora." Ou seja, a juizada recebeu a orientação de um cidadão (juiz cabeça) para dar a nota em determinado patamar...Esse lance de "head" judge é uma furada, já escrevi isso aqui, pois não vejo problema algum de um juiz dar 5 e outro dar 8...o sistema já elimina a maior e menor nota mesmo...o importante é deixar o juiz dar a nota que achou que era...se chega um "head" desses e fala, essa onda foi entre 9,3 e 9,8, quem deu a nota e o consequente título foi ele e não um colegiado de juizes, como deveria ser...é o que penso.


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Mas chega de reclamar da juizada e vamos ao surf, que é o que interessa.

O CAMPEONATO

Pipe deste ano foi aquilo que se espera. Pipe, canhotas grandes rodando muito. Vacas monstruosas, tubos inspirados e competidores dando o sangue por suas notas. Épico, enfim...

Apesar do breve período de espera entre o primeiro dia de competições e o segundo, pode-se dizer que foi um campeonato relâmpago, ao estilo Peniche 2011, 3 dias foram o suficiente para contar uma história daquelas.

KS e JJ são muito fora da escala nestas condições e mostravam isso a cada bateria. A final, aliás, colocou frente a frente o passado e o presente do surf naquele lugar. Aos 41, esta chegando a hora do careca, por mais que ele seja sócio do circo, não dou mais que 2 anos de vida competitiva pro carecones, aos menos full time no tour. E seu herdeiro natural em Pipe (no circuito jamais surgirá outro careca e JJ esta mais para Curren do que para AI) é JJ.



JJ ainda não venceu ali (no WCT) mas já tem 2 Tríplice Coroas e vencerá no quintal de casa muitas e muitas vezes, quem sabe até superando os 7 triunfos conquistados pelo KS (até aqui). Jamie O, é hoje, talvez, o único que chegue junto desses dois em Pipe, mas como ele não só não compete regularmente como esta cumprindo suspensão automática da entidade máxima do esporte, não o veremos tão cedo num Pipemasters, a sina de JJ no pico se cumprirá em breve.

KS foi perfeito em todos os sentidos. Após ver sua chance de título mundial ir por agua abaixo, continuou a fazer o evento do seu jeito. Para se ter uma idéia, seu pior somatório no dia das finais foi justamente na final contra JJ, quando obteve uma nota 10 surreal (foi 9,87 pros vesgos do palanque), mas não achou uma segunda nota acima de 7, o que ainda deu a chance da virada para JJ numa boa onda para backdoor (juizada não deu porque não quis, sejamos justos!). A trajetória do careca naquele dia começou com Zietz, atual campeão da triplice coroa, que foi totalmente massacrado pelo local de Cocoa Beach.

Depois veio a desforra! Ao menos para a imaginação deste humilde escriba. KS engoliu a seco não só o título mundial de Parko ano passado, como a vitória no Pipemasters do ozzie. Não sei se ele pensa assim, como falei é imaginação minha, mas acho que a semi final desse ano foi tipo uma vendetta para o carecones...ele surfou bem o dia inteiro, mas como ele surfou neste heat, nem uma fusão JJ com Jamie O batia o cara...ele humilhou o campeão do mundo de 2012, com requintes de crueldade. Saiu de um dos tubos mais craquentos do dia, recebendo o 10 mais merecido do ano.

DESTAQUES

Como falei antes, não concordei muito com a nota da virada de Mick sobre Yadin, contudo, não posso me furtar de elogiar a atitude do australiano.

Colocado na primeira bateria do dia contra CJ (graças a interferencia malandra sobre JJ na fase anterior) o então bi campeão do mundo se atirou de maneira inconsequente em morras de mais de 10 pés, ainda se acertando na bancada e fechando muito. CJ que foi o oposto disso, acabou, no final, pagando caro por sua prudencia. A melhor onda da bateria surgiu e Mick após se atirar em várias fechadas fez um lindo tubo nota 9,5. Onda, aliás, quase identica ao 9,7 obtido contra Yadin. Nesta bateria contra Nicoll a atitude de Mick foi idêntica a anterior...mas o adversário teve a mesma atitude dele e rapidamente colocou o Mick em combinação. Com perseverança digna de campeão olímpico e uma ajuda arbitral conseguiu a virada quando ninguém mais esperava. Azar de Yadin, que merecia mais.

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Miguel Pupo fez a onda da vida contra Jeremy Flores. A onda foi um 10, mas a juizada deu 9,7 e uns quebrados por pura maldade. Mais que a onda da vida, Pupo garantiu, num dos mares mais difíceis do ano, sua permanência na elite do surf mundial o que não é pouco. Pelo que vimos com a insensibilidade com que Hall foi tratado pela entidade, Miguel não poderia esperar um convite de machucado ou algo do tipo, tinha que ir à luta. E foi, e venceu! Acho que Pupo é um candidato sério a ser um Pipemasters um dia. Precisa apenas de mais quilometragem no pico (como 99% dos surfistas do tour), mas estilo e atitude ele já tem...de sobra. Perdeu para Joelito numa bateria morna, onde um 8 e pouco o salvava...

Julian Diva não foi longe, mas dos que perdeu, eu diria, foi quem perdeu melhor. Perder para JJ ali não é vergonha pra ninguém. Julian não é dos meus favoritos, mas tenho que admitir que a Diva se joga...

BRASILEIROS

Alejo Muniz, do céu ao inferno. Pode-se descrever a atuação do catarinense desta forma. A primeira bateria de Alejo em Pipe foi de sonho. Completou tubos impressionantes para backdoor e derrotou um local bem competente. Na bateria seguinte pegou Pupo numa hora bem ruim do mar, tanto que só uma boa onda foi surfada e por Miguel...cruel.

Filipe Toledo, graças a sua posição no ranking, Toledo só caiu na fase 2. Numa hora boa do mar para backdoor, acabou cometendo uma interferencia desnecessária sobre seu adversário. Porém, mesmo que não tivesse feito a interferencia Filipe não passaria a bateria, já que só achou uma boa onda (8,3), enquanto Kaimana fez duas boas ondas e fechou o caixão do ubatubense. A atitude do moleque, contudo, foi muito boa. Tem futuro na bancada.

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Adriano de Souza já fez bonito no pico. Faz alguns anos que não dá sorte. Vem investindo forte em trips para lugares bons de onda e vem colhendo frutos. Sua linha de surf é das melhores e seu faro para tubos idem. Mas Pipe exige mais. Perdeu para Zietz sem muita reação. Aliás, sua menor nota, se virem no replay, é melhor que sua maior, o fato de ter dividido o pico com KS pode ter influenciado. E em sua melhor nota, não custava continuar na onda. Havia espaço ao menos para duas manobras. A melhor onda de Zietz foi um tubo parecido seguido de um aéreo. O mar estava "pequeno" e Adriano poderia ter aproveitado melhor a oportunidade. Há espaço para melhoras e o perfeccionista do Guarujá sabe disso mais que todos.

Raoni Monteiro, caiu numa hora de poucas séries e até achou uma boa onda para backdoor, mas não foi suficiente para barrar seu adversário (Bruce Irons irreconhecível), que conseguiu a virada no finalzinho. Após o show em Sunset e a heróica reclassificação, Raoni bem que merecia passar mais umas baterias em Pipe. Mas como canso de dizer, merecimento, neste esporte, não tem nada a ver com isso...

Jadson André, de volta a elite o potiguar não deixou barato e passou, com a garra que lhe é peculiar, uma bateria difícil na primeira fase, deixando Bede preocupado na fase 2, quando perdeu por pouco (ficou precisando de outra onda boa). Jadson é muito bom em tubos, não importando se é para direita ou esquerda e foi uma pena não ter achado as boas durante suas apresentações.

Ricardo dos Santos esteve irreconhecível durante sua bateria. Não sei se houve algum tipo de pressão por parte dos locais devido a confusão com Jamie O no Tahiti, ou se realmente foi uma daquelas baterias onde o atleta não se acha. Ricardo já provou que faz e acontece nesse pico e tendo outras oportunidades fará por onde...é só deixar.

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Gabriel Medina, deu 2 shows. O primeiro contra Bruce Irons, que surfou bem (para seu nível atual) e o segundo show foi de competição contra JJ. Perdeu porque não chegou sua hora no pico, mas ela chegará. Na primeira bateria Medina fez de tudo, tubos bem lidos e aéreos extratosféricos. Na segunda bateria, competiu como gente grande, o que aliás é um diferencial seu contra seu "gemeo gringo". Medina compete muito melhor que JJ. Gabriel bloqueou JJ quando era para bloquear, mas Netuno queria que o polaquinho passasse a bateria e mandou outra onda no finalzinho, em seguida da onda bloqueada aliás. Há de se salientar que o havaiano teve uma escolha impecável de ondas, mas Medal fez tudo certo, competitivamente falando e só pra variar discordo frontalmente da diferença entre as menores notas de JJ e Medal.

Miguel Pupo, já falei dele no dia da final, mas teve uma apresentação forte diante de grande tensão nas primeiras fases, já que precisava de resultado nesta etapa para a manutenção de sua vaga na elite. Na primeira bateria barrou Alejo com uma boa onda surfada para backdoor e contra Kerr fez uma bateria de gente grande, finalizando com um tubão para Pipe nota 9!

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RESULTADOS: 

1 Kelly Slater (EUA)
2 John John Florence (Haw)
3 Mick Fanning (Aus)
3 Joel Parkinson (Aus)
5 Miguel Pupo (Bra)
5 Yadin Nicol (Aus)
5 Sebastian Zietz (Haw)
5 Julian Wilson (Aus)
9 Jeremy Flores (Fra)
9 Kai Otton (Aus)
9 CJ Hobgood (EUA)
9 Nat Young (EUA)

Top 22 do WCT para 2014

1 Mick Fanning (Aus) - 54.400 pontos
2 Kelly Slater (EUA) - 54.150
3 Joel Parkinson (Aus) - 48.450
4 Jordy Smith (Afr) - 43.150
5 Taj Burrow (Aus) - 42.900
6 Julian Wilson (Aus) - 40.950
7 Kai Otton (Aus) - 39.600
8 Nat Young (EUA) - 38.000
9 Josh Kerr (Aus) - 36.100
10 John John Florence (Haw) - 35.150
11 C. J. Hobgood (EUA) - 34.650
12 Michel Bourez (Tah) - 33.000
13 Adriano de Souza (Bra) - 31.750
14 Gabriel Medina (Bra) - 25.000
15 Filipe Toledo (Bra) - 24.400

16 Sebastian Zietz (Haw) - 24.350
17 Adrian Buchan (Aus) - 24.200
18 Jeremy Flores (Fra) - 23.000
19 Miguel Pupo (Bra) - 18.450
19 Fredrick Patacchia (Haw) - 18.450
21 Bede Durbidge (Aus) - 16.200
22 Matt Wilkinson (Aus) - 15.950

Wildcards da ASP por contusão Owen Wright (AUS) e Tiago Pires (PRT)

Classificados pela divisão de acesso

1 Adam Melling (Aus)
2 Kolohe Andino (EUA)
3 Alejo Muniz (Bra)
4 Jadson André (Bra)

5 Mitch Crews (Aus)
6 Aritz Aranburu (Esp)
7 Raoni Monteiro (Bra)
8 Travis Logie (Afr)
9 Dion Atkinson (Aus)
10 Brett Simpson (EUA)

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