domingo, 11 de novembro de 2012

WCT SANTA CRUZ - TAJ LEVA E KS SE ARREGA

Taj que me perdoe, mas sua vitória não passou nem perto dos fatos realmente interessantes e relevantes que rolaram na 9ª parada do mundial de surf 2012.

Batalhas de nervos aconteceram neste curto espaço de tempo que o circo passou em Santa Cruz, norte da Califórnia, antigas rixas ganharam contornos ainda mais dramáticos (KS X Mineiro), novas polemicas de julgamento deixaram ainda mais exposto o frágil sistema da ASP (KS X Dusty) com algumas amareladas inesperadas  (Mick x Jadson & Joel x Travis) e a pior qualidade de ondas do ano como cereja do bolo






Uma rápida olhada nos resultados da etapa podem enganar o leitor mais desatento. Joel chegou como líder, fez um resultado melhor que seu adversário direto (o Sanguinolento, lógico) e mesmo assim chegará sob pressão na última etapa. Já falo disso...

O pico pode não convencer a maioria como lugar pra realização de uma etapa do Dream Tour (ainda podemos falar isso?), mas o fato é que Steamer Lane deu trabalho aos melhores do mundo. Pode se dizer que é uma onda boa e ruim ao mesmo tempo, um point break de direitas que tem uma esquerda bem no meio do line up, presenteada com paredões de pedra logo em frente, a onda sofre o constante balanço do backwash tornando-a para lá de traiçoeira. Isso tudo sem falar na agua congelante, nas algas, focas, lobos marinhos e tubarões.

Para mim, é um lugar que merece figurar no tour, tanto pelo valor histórico (Salve Curren) quanto pela dificuldade e desafio que apresenta aos tops. Quem quer ser campeão mundial tem que surfar bem em qualquer lugar, não é? A obsessão que KS tem de vencer em todo e qualquer lugar que o tour se apresente passa por esse pensamento, não basta ser campeão, tem que ser o melhor. 





Em Steamer Lane o "melhor" não conseguiu ser o melhor...longe disso. KS não se entendeu hora alguma com o pico, trocou de prancha, trocou de quilhas, colocou botinha, tirou botinha e nada. Tirando aquela bela panca na junção e o aéreo de backside incompleto o careca não fez mais nada digno de nota, a exceção talvez, da tentativa de atropelo ao Mineiro após ter seu escalpo mais uma vez retirado sem cerimonias. Já faz tempo que a relação entre os dois é tensa. Aliás, quanto pior a relação entre os atletas, melhor é a bateria entre eles.

Voltando ao careca, como Taj falou, com a confiança renovada após derrotar Medina, que nunca viu o Sanguinolento tão exposto. Em outras palavras, irreconhecível. Seu resultado pode ser visto como uma vitória.






Seu adversário direto ao caneco ainda lhe prestou o favor de perder inesperadamente nas quartas de final. Mesmo com condições favoráveis, incluindo, onda e adversário, Joelito acabou sucumbindo, em minha opinião, devido a um péssimo julgamento de sua segunda onda boa. Seu 4,67 foi um atentado violento ao pudor do bom senso e da razão. Uma linda rabetada no final da onda foi aparentemente desconsiderada. Um rigor estranho para o julgamento de Parko, ainda mais numa bateria decisiva. Tudo bem que exageraram na primeira nota, oito e pouco, mas erraram a mão (de novo) na lei da compensação.






E para ajudar ainda mais ao careca, que secava do cliff,  o mar não colaborou na parte final da bateria e Travis fez uma bela bateria, não tanto quanto Gerlach descrevia, mas bem o suficiente para complicar a vida do adversário, marcando bem o ozzie nos segundos finais, garantindo a prioridade e a vitória.

Praticamente nada de relevante ocorreu após essa bateria. Taj, pela segunda vez no ano, venceu, mas não convenceu. Chegou a final de forma discreta. Não constava entre os nomes favoritos para o título.  Foi esperto e eficiente ao eliminar Medina nas quartas, passou por Travis numa bateria de julgamento esquisito na semi e venceu Wilko numa final apertada, onde a juizada podia ou não dar a vitória para o maluco beleza do tour.






Wilko parece ter provado para si mesmo do que é capaz, levou a parada a sério e fez sua primeira final numa etapa do CT e passou pelo cara que achei que ia vencer, Bourez. Parecia que o tahitiano, além de Parko era quem estava lidando melhor com a balançada onda californiana.

BRASILEIROS E AGREGADO

Heitor Alves e Tiago Pires ficaram pela segunda fase, com o primeiro perdendo para o ex-campeão mundial CJ (chorão, reclama de marcação contra todo mundo e perdeu sendo bloqueado pelo próprio irmão...mas isso é outra história) e o segundo perdendo para Owen. Perderam em baterias fracas de onda e brilharam na primeira fase, surfando bem e conseguindo bons scores sendo superados por adversários inspirados (Jordy e Gudauskas)

Miguel Pupo o campeão desta etapa no ano passado, quando ainda era Prime, também perdeu cedo, mas não se achou na primeira bateria  e acabou perdendo para Alejo na fase 2 por 0,04 pentelhésimos de ponto...o tour é cruel..






Jadson André virou uma bateria praticamente perdida para Fanning na base da porrada. Fez uma coisa raramente reconhecida pela juizada, transformou uma onda mediana numa onda boa. Uma sequência de 5 ou 6 batidas e rasgadas foram o suficiente para transformar uma onda 5 num 7 para o desespero de Mick, que ficou com cara de "quem roubou minha jujuba" no outside. Fez Taj suar a camisa para derrota-lo na fase 3. 

Raoni Monteiro quase não chegou a tempo de sua bateria na primeira fase. Sem patrocinador principal já faz tempo, o que só dificulta a vida na estrada do brasileiro. Falou numa das entrevistas que recebeu um apoio de uma marca de roupas de borracha e algum dinheiro pouco antes de embarcar para a etapa. Passou por Julian Wilson numa bateria apertada na repescagem, apostando no bom e velho surf de linha, o que voltou a funcionar contra Jordy na fase 3, perdeu para Parko na fase que não vale nada e para Travis numa bateria em que surfou melhor mas competiu pior, com mais algumas baterias em Pipe é capaz de nem precisar de convite para permanecer no mundial de 2013. Guerreiro.

Alejo Muniz apresentou um dos melhores surfes do evento. Estilo e força se combinaram com a fluidez do hermano catarina nas balançadas seções do pico. Surfou muito para eliminar Miguel na repescagem e mostrou autoridade para eliminar Bede da prova. Não se achou na fase que não vale nada, perdendo para Raoni e Joel, finalizando sua participação sendo eliminado por Medina na fase 5 numa bateria com poucas ondas surfadas. 






Gabriel Medina fez o que dele se esperava. Show, espetáculo. Perdeu apenas para o campeão. Único da terrinha que passou direto para a fase 3, com um Aéreo e duas Batidas, todas com letras maiúsculas, passou por Knox virando nos segundos finais com O Aéreo do campeonato, também com letras maiúsculas, perdeu para Taj na fase que não vale nada, se recuperou com naturalidade contra Alejo para perder para o campeão da etapa de novo nas quartas. Poderia dizer que arriscou muito na bateria em que perdeu, mas faz parte do surf do cara. Sua porcentagem de acertos permitem o risco. 

Adriano de Souza, deu adeus as chances de mundial nesta etapa. Mas sai com sua posição de concorrente a título de 2013 consolidada com mais um escalpo do careca na sua estante de troféus. Caiu para repescagem no primeiro dia, como quase todos os cabeças de chave. Passou por Melling na fase 2 e Gudauskas na fase 3, surfando e competindo muito bem, especialmente na bateria contra Pat. Se o campeão foi o carrasco de Medina o vice foi de Mineiro, que perdeu para Wilko na fase que não vale nada, por pouco mais de 1 ponto e depois nas quartas de final.

DISPUTA AO TÍTULO DA TEMPORADA

Após 3 anos, o Hawaii voltará a recepcionar a decisão de um título mundial em suas sagradas aguas.
Em 2009 o mesmo Joel Parkinson, protagonista e ainda líder do mundial de surf de 2012, perdeu o título mundial para seu amigo Mick Fanning. 

Com os resultados da nona etapa, em Santa Cruz, a disputa ao título mundial de 2012 ficou restrita a 3 nomes, o careca (evidentemente), Mick Fanning e o já mencionado Parko.

Mick precisa de um milagre. Fato. Vence ou vence e ainda assim depende de resultados ruins de seus concorrentes.





Já KS se colocou (ou colocaram ele? Perguntem ao Dusty.) numa posição para lá de favorável para abocanhar seu décimo segundo caneco. A ASP colocou em seu site as possibilidades de título, bem explicadinho até. 

A questão é que como em Pipe tem sempre aquela situação dos locais, esses 3 postulantes ao título já estreiam na fase 3, fazendo no mínimo 1750 pontos. Acontece que o campeão será aquele de posse da maior soma dos 8 melhores resultados, ou seja, no caso de Parko, Pipe só não sera descarte se ele fizer as semis, de modo que se ele e KS sobreviverem até as quartas, a vantagem é do careca! O careca já tem seus dois descartes. Desta fase em diante, Joel tem que terminar a frente de Kelly para levantar o caneco, perder na mesma fase que o careca, bye, bye título. Mesmo que faça a final contra o sanguinolento, terá que vence-lo para ganhar a temporada.

É MOLE?!?

E teve gente que falou que o Raoni tinha tirado o Sanguinolento do páreo com a vitória em Peniche.
Slater já não é aquele soberano em Pipe, disse Alex Guaraná via twitter, concordo, mas acho que dentro de uma normalidade ele chega até as quartas, confiança que já não deposito em Parko, não obstante ele ter sido vice campeão no pico em 2011.





A falta de uma vitória no ano esta cobrando caro sua fatura, ao ponto do líder chegar sob tanta pressão quanto seus adversários em Pipe. E dificilmente, o resultado negativo em Santa Cruz, mais precisamente o fraco surf apresentado, vai abalar a confiança do careca, pode até servir como incentivo para volta triunfal em seu palco preferido, Pipe. 


Resultado do O'Neill Coldwater Classic 2012

1 Taj Burrow (Aus)
2 Matt Wilkinson (Aus)
3 Travis Logie (Afr)
3 Michel Bourez (Tah)
5 Adriano de Souza (Bra)
5 Gabriel Medina (Bra)

5 Joel Parkinson (Aus)
5 Jeremy Flores (Fra)
9 Raoni Monteiro (Bra)
9 Alejo Muniz (Bra)

9 Kelly Slater (EUA)
9 Damien Hobgood (EUA)
13 Jadson André (Bra)
25 Heitor Alves (Bra)
25 Miguel Pupo (Bra)




Top 22 do ASP World Tour depois de 9 etapas

1 Joel Parkinson (Aus) - 53.900 pontos
2 Kelly Slater (EUA) - 50.700
3 Mick Fanning (Aus) - 47.000
4 John John Florence (Haw) - 44.350
5 Adriano de Souza (Bra) - 42.350
6 Taj Burrow (Aus) - 41.900
7 Gabriel Medina (Bra) - 37.850
8 Julian Wilson (Aus) - 34.650
9 Owen Wright (Aus) - 33.600
9 Jeremy Flores (Fra) - 33.600
11 Josh Kerr (Aus) - 31.400
12 Jordy Smith (Afr) - 26.650
13 Adrian Buchan (Aus) - 25.400
14 Michel Bourez (Tah) - 24.250
15 C. J. Hobgood (EUA) - 21.950
16 Alejo Muniz (Bra) - 18.450
17 Bede Durbidge (Aus) - 16.250
17 Travis Logie (Afr) - 16.250
19 Kai Otton (Aus) - 16.200
20 Miguel Pupo (Bra) - 15.950
21 Damien Hobgood (EUA) - 15.750
22 Matt Wilkinson (Aus) - 15.250
24 Heitor Alves (Bra) - 14.750 pontos
27 Raoni Monteiro (Bra) - 13.500
32 Jadson André (Bra) - 7.750
36 Willian Cardoso (Bra) - 1.500


G-10 do ASP World Ranking depois de 41 etapas

G-1 Kolohe Andino (EUA) em 18o lugar, confirmado na elite com 19.211 pontos
G-2 Glenn Hall (Irl) em 19o, confirmado com 18.525
G-3 Filipe Toledo (Bra) em 21o, confirmado com 16.700
G-4 Nat Young (EUA) em 22o, confirmado com 15.885
G-5 Tiago Pires (Por) em 26o, confirmado com 15.210
G-6 Patrick Gudauskas (EUA) em 27o, com 14.530
G-7 Jean da Silva (Bra) em 28o, com 14.180
G-8 Willian Cardoso (Bra) em 29o, com 14.170
G-9 Raoni Monteiro (Bra) em 30o, com 13.900
G-10 Heitor Alves (Bra) em 31o, com 13.700


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