WT FRANÇA - SEGUNDO CREPE

Um dia curto de disputas no WT Francês. O tempo virou por lá, nuvens negras trouxeram um vento ruim, prejudicando bastante as condições do mar.
Condições estas, vale dizer, que já estavam bem difíceis. Uma grande quantidade de agua se movimentando e ondas volumosas de um metro e meio para dois na vala. É complicado se achar, mesmo com a ajuda dos jets.

Tiago Pires barrou Kerr logo cedo. foto: pauseeventshot

O dia começou com Tiago Pires dando um basta na sequência de resultados de Josh Kerr que vinha embalado desde o Brasil. Tiago surfou com segurança alguns canudos e manobrou com força para avançar, mesmo com uma chamada errada de prioridade no final de sua bateria.

Nervosa é a palavra para descrever a bateria entre Alejo e JJ. Esta 1x1 o placar de uma rivalidade que tem tudo para se tornar das mais longas do circuito mundial.
As condições desafiadoras foram um ingrediente a mais na disputa.
O havaiano provou ser tão perigoso qto parece, arrancou um 8 alto em dois tubos difíceis, achei bem julgado. Precisava de menos de 4 para avançar. O brasileiro usou bem sua prioridade e além de impedir JJ de pegar outra onda ainda o deixou num lugar ruim do pico, longe das direitas e com esquerdas fechando. O catarinense esta mostrando ser um excelente competidor em seu ano de estreia no circuito, tem uma porcentagem de 50% de aproveitamento no WT. Nem Mineiro, nem Neco estrearam assim.

Heitor estava na área, com seu sorriso aberto, como sempre. Joelho é complicado. Espero que esteja melhor para Peniche.

Heitor Alves estaria na próxima bateria. Infelizmente, segundo informação da transmissão do evento, ele está com pouca mobilidade no joelho lesionado e não pode participar de sua bateria, sendo chamado para substitui-lo Adam Melling. Seria uma boa oportunidade para o australiano marcar pontos e aumentar suas chances de retornar na próxima rotação do WT, mas Kai surfou melhor, acertou belas manobras de back side em grandes direitas e mereceu a vitória, que só se confirmou mesmo na última onda. Kai pode se tornar perigoso se este mar subir mais.

Medina foi o próximo. Quem narrou desta vez foi o Pottz. Acho que o ex-campeão mundial é um dos gringos mais deslumbrados com a nossa nova geração, arrisco dizer que ele é fã do Medina. Achei o Gabriel meio nervoso nestas duas primeiras baterias deste WT.
Na entrevista ele falou que gosta muito da França, também pudera, já venceu fazendo história nas águas daquele país, mas salvo engano seus melhores resultados ali não foram em condições de mar como os WT de Hossegor costumam ser disputados.
Não que as condições assustem, até porque tanto no Prime de Saqua, quanto na Vila, as condições estavam maiores e mais perigosas que hoje e Medina fez resultado nos dois campeonatos. A questão, acho, é que o mar esta realmente difícil, para todos, e para quem acostumou a ver o brasileiro colecionar notas acima de 8 é até estranho vê-lo passar a bateria toda para achar dois 5.
Tanto os gringos como os brasileiros estão esperando muito mais de Medina e há um certo tom de decepção quando se fala nele. Depois de tudo o que ele vem fazendo neste ano, em várias condições de mar, era de se esperar este tipo de reação de quem acompanha o esporte, mas insisto que até agora, a exceção de Mick, Julian e Dane, nenhum dos top 32 achou grandes coisas nas dificeis condições francesas. Culpo o mar e isento Medina, portanto...por enquanto.

Medina despachou Dusty Payne. As condições ainda não estão ao seu feitio. Se o mar ajeitar acho que ele vai longe neste WT.

Durante a bateria do Medina já mostravam assustadoras nuvens negras se aprovixmando, o vento mudou e o diretor de prova deu a chance a Bede e Daniel de não competirem, mas eles preferiram cair. As condições foram piorando muito durante o heat, com cada atleta optando por uma tática distinta, enquanto Daniel Ross optou por ser mais seletivo, Bede ia pegando qualquer coisa para tentar fazer scores. No final Ross, de posse da prioridade, escolhe uma onda horrível e praticamente entrega a bateria para Bede que agradece penhoradamente, após seguidos 25º.

Segundo o diretor de prova a previsão é excelente, especialmente para sábado, quando estará grande e com vento terral, é esperar para ver.
Após um dia horrível para os brasileiros, mesmo num dia curto de ação, tivemos 100% de aproveitamento em condição de mar complicada, onde o fator sorte influenciava mais que o desejável. Para se ter uma idéia a melhor média do dia, de Tiago Pires, foi de 13.10 pontos.
Quando os melhores do mundo estão com dificuldades de fazer duas nota 7 é porque o negócio não esta para brincadeiras.

O evento se reiniciará com a bateria entre Raoni Monteiro e Miguel Pupo. Até a volta.

Kai Otton acertou a manobra do dia. 7,5 não foi justo o suficiente.